A eleição de 2022 será novidade para Ronaldo Caiado (DEM) na medida em que, pela primeira vez, ele será avaliado não como parlamentar, mas como executivo, chefe do Governo estadual. Se por um lado tem o poder da caneta e a chave do cofre, podendo destinar recursos para áreas e populações mais vulneráveis, como aliás tem feito, é certo que também enfrentará o desgaste comum de quem está no poder e as consequências de suas ações e omissões.

Boa parte da defesa de sua gestão pode ser resumida na seguinte frase dita exaustivamente pelo governador: “Vamos devolver Goiás aos goianos”. A afirmativa parte do pressuposto de que até dezembro de 2018, quando o estado era governado pelo tucano José Eliton, sucessor de Marconi Perillo, também do PSDB, o estado pertencia não ao povo, mas aos maus políticos. Algumas vezes citando diretamente Perillo, que governou Goiás por quatro mandatos entre 1999 e 2018, Caiado não poupa as administrações tucanas e quotidianamente, em discursos, diz textualmente que “uma quadrilha” dominava o estado, tamanha corrupção que, segundo ele, estava entranhada na administração pública estadual.

Parte deste discurso é ancorado em casos de corrupção em importantes órgãos públicos estaduais como Detran e antiga Agetop, que culminaram em ações da Polícia Federal, inclusive com prisão de homens fortes da gestão de Marconi, como Jayme Rincon, que comandou a Agetop, e o próprio Marconi Perillo, dois dias após perder a eleição de senador.

Após um bom período hibernado, Marconi Perillo reapareceu e ensaiou críticas ao governador Caiado. Agora, após o start dado por Caiado na corrida eleitoral de 2022 com a escolha de Daniel Vilela (MDB) para ser candidato a vice-governador, Marconi Perillo parece ganhar musculatura e voltou à carga com ataques à gestão de Ronaldo Caiado. Nos últimos encontros regionais do PSDB pelo interior goiano, já se escuta gritos de correligionários pedindo que ele se candidate a governador.

O próprio Marconi não confirma nem nega a possibilidade de candidatura ao Governo estadual. Inicialmente, acreditava-se que ele seria candidato a deputado federal. Estrategicamente, a Marconi e a nenhum candidato que já seja conhecido o bastante interessa declarar candidatura a governador antecipadamente.

Mas o fato é que chegará a hora e a vez de Marconi Perillo decidir-se. E nessa decisão deve pesar menos o fator eleitoral e mais a chance que ele, uma vez candidato a governador, terá para defender-se, na campanha, das pesadas críticas do candidato Ronaldo Caiado, que tendem a se tornar ainda mais intensas com a aproximação do pleito de outubro.

Para a democracia, nada melhor que o embate de argumentações. Afinal, ninguém é dono da verdade.

* Manoel Messias Rodrigues, jornalista, é graduado em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Goiás, com especialização em Docência Universitária pela Faculdade Araguaia.